sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Assunto (Nada Normal) da Vez: Turritopsis dohrnii - não espere pela morte dela

>> De curioso ela não tem só o nome: Também é imortal
Morte. Para cada um, uma crença. Para cada crença, um diferencial. O que há depois? O que exatamente houve antes? Existe mesmo um fim ou é apenas um novo começo? Para muitos, passa do fim de um ciclo: perturba, emociona e até deixa maravilhado.

Em cada segundo que passa nosso corpo vai perdendo a juventude, nossa vida não é mais a mesma. Quando realmente a proximidade chega, tudo adquire um novo sentido. Para uns, a escuridão terrível. Para outros, a luz nunca vista outrora.

Morte. Soa tão bela e horrível. Há uma maneira de deixá-la? Vencer um inimigo impossível? Tirá-la de nossas costas? Existe, em qualquer canto do planeta, uma maneira, uma mera esperança, de ser, afinal de contas, imortal?

É a pergunta que muitos desejam ter uma resposta positiva e cheia de possibilidades. Mas também existe quem queira uma negação em questão de imortalidade, em questão de fazer o ser humano perambular por mais do que o necessário - e o suportável - nesta terra.

Se a imortalidade existe para nós, seres humanos, ou, qualquer dia destes será anunciada como a esperança de uma nova era, é complicado saber. Mas, enquanto ela se faz um mistério tão complexo quanto a própria morte, existem seres biologicamente imortais. Sim, meus observadores do curioso, eles são imortais.

Exemplo vivo - e, neste caso, bem vivo - é a água-viva de nome bem sonoro e, até um tempo, para mim, complicado, Turritopsis dohrnii.

Na edição 275 da Superinteressante (FEV / 2010) li algumas linhas sobre ela e outras espécies imortais na matéria de capa (sobre imortalidade). Na época, ainda no Blog Planeta Bizzarro fiz o post Turritopsis dohrnii: A água-viva imortal movido pela tentativa de saber mais sobre a fascinante criatura - e também passar conhecimento sobre o curioso dom desta espécie. O caso é que o post foi, em suma, um verdadeiro sucesso. Muitos queriam saber sobre ela e entravam, através de pesquisas, no blog. Em resumo, foi um verdadeiro acerto.

Quando o escrevi não tinha noção do estrondoso impacto (tudo bem, nem foi tão estrondoso assim...) que causaria. Assim, ficou um pequeno e bom post - e com algumas palavras copiadas... +_+ Coisa que não se repetirá de forma tão grave - que ajudou muito. Agora, para tentar repetir o sucesso - e, logicamente, trazer visitantes curiosos para a evolução do PB, o CM - estou fazendo um bom levantamento sobre o assunto na seção mais cheia de pesquisas do blog. A vantagem agora - para vocês - é que o conteúdo será complexo e, naturalmente, estou com várias páginas da internet abertas por aqui - por isso a vantagem é para vocês: são várias mesmo, ou seja, uma travadinha aqui e acolá.

Antes que me perca nestes detalhes insignificantes, o assunto.

Nasce na ficção alguém muito incomum: Benjamin Button. Quando bebê, mais parece um velho. E, conforme vai crescendo, se torna mais jovem. É o envelhecimento em sua forma mais avessa: de velho para jovem. Tal comparação se faz necessária: é isso que acontece com a Turritopsis dohrnii. Em vezes que a morte está na espreita, suas células se renovam, voltando à infância.

Ao contrário do personagem interpretado por Brad Pitt, a água-viva pode retomar este curioso ciclo todas as vezes que precisar. Em outras palavras, torna-se imortal.

Tudo bem, nada impede que algumas coisas lhe tragam a morte: predadores, como a tartaruga Dermochelys coriacea (popular tartaruga de couro), podem atacar e, também de outras formas, ferimentos graves aparecem. Assim, diante da velhice, fome e de ferimentos leves, a Turritopsis dohrnii dá um jeito.

Desta forma, a sortuda - ou azarada - vai vivendo tranquilamente - e para sempre - se nada se meter em seu caminho.

Certo, ela consegue vencer a morte. Como? Renovando suas próprias células. Fato. Já foi dito. Mas é um processo que merece ser melhor apreciado - e explicado. O ciclo intenso de renovações tem de ser organizado. Desta forma, para melhor entender, vou começar mostrando mais sobre estes seres interessantes e a vida normal de uma água-viva (espetacular...).

>> Gira, gira, girou! O ciclo de vida de uma água viva - um verdadeiro giro pela vida gelatinosa
Retomando - ou apresentando - conhecimentos: a água-viva é um celenterado: animais aquáticos que, como marca registrada, possuem células especiais e nada simpáticas chamadas cnidoblastos. Localizadas, geralmente, nos tentáculos desses animais, estas células são ótimas em questão de defesa e captura de alimento (pequenos animais, no caso). Qual o motivo de tanto espanto voltado para tais células? A substância urticante que elas liberam. Sim, tenha medo destas criaturas.

Em sua forma adulta, é chamada de medusa. Na reprodução sexuada, várias larvas do animal podem originar-se de uma só vez. Numa carona fornecida pelas correntes marítimas, uma superfície sólida é encontrada e serve muito bem para a fixação. Passando este estágio, a larva se torna um pólipo: oco e com tentáculos ao redor da boca. Então, se desenvolve a éfira: uma água-viva jovem que se desprende e se torna uma medusa adulta - medusa esta que vive de três até seis meses.

A Turritopsis também se reproduz da forma ilustrada acima e apresenta este ciclo. A diferença - ou melhor, a grande diferença - é que pode voltar ao começo dele toda vez que precisa - com exceção de quando é devorada por um predador ou um ferimento grave aparece, como já dito.

>> Fora da lei, ou melhor, do ciclo: voltar tudo é permitido para esta água-viva

Quando a morte está seguindo a Turritopsis dohrnii, ela torna-se um cisto muito parecido com uma bolha, que, por sua vez, se desenvolve em uma colônia de pólipos - voltando, assim, para o começo do ciclo.

Os pólipos utilizam-se da reprodução assexuada para originar centenas de águas-vivas. Todas geneticamente idênticas ao adulto original - o que estava beirando a morte.

Agora parece mais fácil de entender: a água-viva que estava na frente da morte, renova suas células, voltando ao estágio de pólipo, originando várias outras, que, em questão de genética, são iguais.

Este passo por cima, capaz de reverter as células, deixando-as mais jovens e flexíveis, chama-se transdiferenciação: processo onde a célula torna-se diferente, tanto em forma como em função - sim, as células também aprendem novas funções, conforme a necessidade do corpo.

E talvez seja esta habilidade nada convencional que está fazendo com que multidões da espécie se espalhem pelos oceanos. É sobre isso que trata o estudo de Maria Pia Miglietta e Harilaos A. Lessios, "A silent invasion".

Analisando amostras de várias partes do mundo, a dupla ficou impressionada com o fato de que os genes são iguais. Para se espalhar deste jeito, as criaturas devem ter contado até mesmo com cargueiros de longa distância.


Mais sobre a Turritopsis dohrnii

Foi descoberta no mar Mediterrâneo em 1883, mas seu curioso ciclo não havia sido descoberto até 1990.

A imortalidade parece preferir pequenos frascos: a Turritopsis dohrnii atinge o tamanho de uma unha (isso já crescida) tendo, em média, 1 centímetro de diâmetro. Muito diferente de outras águas-vivas que possuem 1,82 m e pesam até 225 kg.

Formas distintas são adquiridas pela água-viva de acordo com sua localização. Em águas tropicais, por exemplo, as colônias tem meros (com todo o respeito) 8 tentáculos. Já em águas temperadas, adquirem 24 ou mais tentáculos. Ainda não se tem uma explicação para isso.


>> Turritopsis nutricula: a imortalidade vem no nome?
Por um momento eu até achei possível que a dohrnii e a nutricula fossem a mesma espécie, tudo isso por serem bem parecidas.

Usando a transdiferenciação, a Turritopsis nutricula volta a ser jovem, assim como a dohrnii, após a liberação de seus gametas. Ou seja, volta ao princípio, depois de curtir a vida de adulta - medusa, se preferir.

Como ela pode repetir o ciclo quantas vezes bem entender... voilá... outra criatura potencialmente imortal!

Com 4 / 5 mm de diâmetro, a nutricula retorna ao estágio de pólipo após a maturidade sexual, assim, volta para a imaturidade sexual.


Bactérias também podem ser biologicamente imortais. Uma hydra, idem. Também pode-se citar o Sebates aleutianus, peixe do Pacífico conhecido como rockfish e duas tartarugas da América do Norte: a Emydoidea blandingii e a Chrysemys picta - Estes últimos três comportam o chamado "envelhecimento desprezível" - as células permanecem sempre jovens, o motivo permanecendo um mistério.

>> Retorcidamente velho
E o que falar do Bristlecone Pines (foto)? Especulações mostram que ele é potencialmente imortal, sendo que, o espécime mais velho (conhecido) já atingiu mais de 4 800 anos.

Imortalidade. Soa diferente. Soa assustador. Seriam estas as portas e janelas para a imortalidade humana? Para a cura de doenças mortais como o câncer?

Curioso mundo...

>> Corre que você ainda pega esta chance: imortalidade não é brincadeira, meu caro

Fontes:
Superinteressante / EDIÇÃO 275 - FEV / 2010 - tanto no site quanto na revista impressa (Matéria de CAPA - pg. 43, apenas)
Apostila Positivo - Sexta série / Sétimo ano - Ciências / Celenterados / pgs. 9 e 10

Ajuda:

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9 comentários:

  1. Post incrível. Muuito interessante este assunto!
    Parabéns..

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  2. Elogios são bem aceitos! Obrigado, Rafael - reconhecimento por horas de "trabalho" são bons! :)

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  3. Mto mto mto boum seu post!
    Parabéns!
    "reconhecimento por horas de "trabalho" são bons! :)"? intão.... parabéns dnovo!!!!!!!!!
    ;*

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  4. então novamente ,mas uma vez, de novo
    estas de parabéns muito interessante o assunto abordado
    não querendo me repetir mas já fazendo o mesmo
    MEUS PARABÉNS !!!!

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  5. Parabéns, ótimo o seu post! Você escreve muito bem, espero que tenha o reconhecimento devido por isso!

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  6. Cara você é foda!
    super interessante esse assunto e você postou ele tudinho certinho, explicando cada detalhes, com imagens para melhor compreensão e até mesmo comentários pessoais e opniões suas, expetacular!
    parabébs mano, espero que você tenha muito sucesso, porque se você continuar assim, terá e muito!!
    parabéns!!!!!!!

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